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Foto do escritorJoana Sobreiro

HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW

No último artigo inaugurei um novo tema, que se mostrava na sequência de apresentação de algumas competências da inteligência emocional. Ao chegarmos à motivação, precisamos de ficar nela durante mais algum tempo. Assim, é minha vontade apresentar-lhe mais algumas teorias, modelos e linhas de estudo em torno da exploração da grande questão – porque fazemos o que fazemos?


O que é importante para si? O que o leva a sair da cama a cada manhã? Porque está nesse trabalho, porque escolheu essa profissão?

Tem um plano de carreira? É empreendedor? Porque razão investe tanto do seu tempo?

Tem o costume de fazer formação? O que o motiva a fazê-lo?

Lembre-se da última decisão que tomou. Porque o fez?

Doa parte do seu tempo para contribuir para a vida de outras pessoas? Porque é isso importante para si?

Exercita-se? Cuida do seu corpo e da sua saúde? Porquê?

Tem um objectivo bem definido e todos os dias age no sentido da sua concretização? O que o impele a fazê-lo?

Gosta de viajar, andar ao ar livre, caminhar na natureza? Porque motivo?

Sim! Eu sei... tantos porquês!

Exactamente o que aprendem os alunos de programação neurolinguística e coaching. O único momento em que nós queremos perguntar a alguém – porquê? – é quando queremos explorar e conhecer a estrutura da sua motivação, tudo o resto são poeiras justificativas.

A verdade é que todos gostaríamos de acreditar que sabemos e conhecemos todos os nossos porquês por detrás de todas as acções e comportamentos. O facto, é que sabemos identificar alguns deles, mas não conseguimos identificá-los todos. Em grande parte das vezes não sabemos, nem estamos cientes dos motivos que nos levam a fazer o que fazemos, ou seja, não estamos conscientes das nossas reais motivações.

Descobrir as nossas verdadeiras e mais profundas motivações é relevante, pois revela quem somos, no nosso senso de identidade.


Inicio este artigo com alguns exemplos de porquês, apenas para o convidar a continuar a reflectir sobre aquilo que o motiva, sobre as necessidades que procura ver satisfeitas, sobre o que o energiza e o faz agir, para que possamos ir conhecer uma, importante, teoria que procura compreender a motivação humana.

Antes de avançarmos para ela, vamos conhecer um pouco da história e quem foi Abraham Maslow.



AS ORIGENS DA PSICOLOGIA HUMANISTA

Abraham Maslow, foi um dos mais influentes e importantes psicólogos do século XX. Filho de imigrantes judeus russos, que saíram do leste europeu e foram procurar uma vida melhor na américa do norte, Maslow nasceu em 1908 em Nova York e frequentou a Universidade do Wisconsin para estudar psicologia.

Definindo-se como tímido, solitário e auto-reflexivo, atribui como causa do seu interesse pela auto-realização e o desenvolvimento da experiência humana, a sua natureza e gosto pelo isolamento.

O início da sua carreira é marcado pela influencia do behaviorismo no seu campo de estudo, afastando-se posteriormente desta linha de investigação da psique humana. Apesar do seu afastamento da corrente comportamental, manteve-se fiel aos princípios do positivismo, que se apresentam marcadamente em todas as fases do desenvolvimento da sua carreira na psicologia.

De acordo com a doutrina positivista, só se considera válido aquilo que é cientificamente verificável, observável ou que pode ser demonstrado através de provas lógicas e matemáticas. Como resultado, Maslow apoiava-se no poder dos dados empíricos e na mensurabilidade da informação para endereçar o conhecimento humano.

Já desiludido com as correntes behavioristas, Maslow acabou também por se afastar da psicanálise de Freud, por considerar que esta se focava excessivamente na “parte doente” dos indivíduos. Tendo assim, sido um dos principais contribuidores para a terceira força da psicologia – a humanista.

A psicologia humanista tornou-se mais influente, por focar-se na procura por conhecer o que leva os indivíduos a terem o impulso para o crescimento, a melhoria, o desenvolvimento, a auto-actualização, a auto-realização e a auto-expressão do seu potencial. Esta é uma mudança radical nos estudos da psicologia, pois desvia-se totalmente das abordagens patológicas e comportamentais do passado, focando-se na parte do indivíduo que quer crescer, sendo Maslow e os seus estudos o epicentro deste novo movimento.

A década de 1960 ficou marcada pelo interesse pelo misticismo e influencia deste em algumas correntes e estudiosos da psicologia, e Maslow ficou conhecido por ter resistido à tentação de seguir esse caminho, tendo dado preferência à aquisição de mais conhecimentos sobre negócios e empreendedorismo.

Durante este período estudou psicologia da Gestalt e, no centro do movimento humanista encontrava-se a ideia de que os seres humanos são muito mais do que apenas a soma das suas partes e que a aspiração espiritual é parte fundamental da psique humana.

Uma das principais razões que levou a que o trabalho desenvolvido por Maslow, desencadeasse um movimento novo, foi a visão apresentada sobre o papel do inconsciente. À semelhança de Freud, também este trabalho reconhecia a existência de uma instância rica, fora da consciência humana. Mas, ao contrário de Freud que acreditava que o inconsciente é inacessível aos indivíduos e nele se guardam uma infinidade de memórias reprimidas, para Maslow os indivíduos poderiam ter acesso a este nível da mente, pois são conscientes dos seus motivos e impulsos para a realização do seu potencial.

Ao longo da sua carreira, cofundou o Journal of Humanistic Psychology (1961) e o Journal of Transpersonal Psychology (1969). Até hoje, estas duas publicações são amplamente reconhecidas e respeitadas nas suas áreas, ficando como um legado de Maslow para o campo da psicologia.

Entre as suas muitas contribuições, encontra-se o desenvolvimento da teoria da hierarquia das necessidades humanas.



A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES

A hierarquia das necessidades, muitas vezes apresentada como “A Pirâmide de Maslow”, é uma teoria motivacional que descreve cinco níveis de necessidades humanas. Importa referir, que apesar de ser, muitas vezes apresentada como pirâmide e até usar-se o nome, Maslow nunca a descreveu como tal.

Maslow introduziu o conceito de hierarquia de necessidades, pela primeira vez, numa publicação intitulada A Theory of Human Motivation, em 1943. Como humanista, acreditava que os indivíduos têm um desejo inacto de se auto-realizar, quer isto dizer, que têm o impulso de ser tudo o que podem ser. No entanto, antes de chegar à revelação do seu potencial, existem necessidades mais básicas que precisam ser atendidas.

Para Maslow, estas necessidades mais básicas, são semelhantes aos instintos e desempenham um importante papel na motivação. Trata-se então de uma ordem hierárquica de necessidades, cuja base deve ser satisfeita antes de se procurar satisfazer necessidades superiores.


As necessidades progridem do básico para o complexo e organizam-se por ordem de importância. Por outras palavras, o primeiro nível de necessidades é o mais importante e irá monopolizar a consciência, até que as suas necessidades estejam satisfeitas. Depois desse nível estar satisfeito, a mente abre-se para o próximo nível para que este também possa ser atendido, e assim sucessivamente, até alcançar a auto-realização.


Na base da hierarquia, que se desenvolve de baixo para cima, temos as necessidades:

  • Fisiológicas – ar, água, comida, homeostase, sono, sexo, abrigo e calor;

  • Segurança – protecção, segurança financeira, saúde, bem-estar, rotina e familiaridade;

  • Pertença – afiliação, amor, carinho, conexão, vínculo, aceitação, família, amigos, colegas, grupos de referência e organizações religiosas;

  • Estima – auto-respeito e respeito dos outros, reconhecimento, avaliação de si mesmo, mestria, independência, valorização, dignidade, reputação e prestígio;

  • Auto-realização – auto-crescimento, auto-actualização, expressão do potencial.


A nossa necessidade mais básica é a sobrevivência física, é por isso a base da hierarquia e aquela que tem primazia de satisfação. Por essa razão, é o primeiro conjunto de motivos que impulsionam o comportamento.


Nas palavras de Maslow: É bem verdade que o Homem vive só de pão, quando não há pão. Mas o que acontece com os desejos do Homem quando há abundância de pão e quando a sua barriga está, cronicamente, cheia?

Imediatamente outras e superiores necessidades emergem e estas, em lugar de fomes fisiológicas, irão dominar o organismo. E quando estas, por sua vez, são satisfeitas, novas necessidades, ainda mais elevadas, emergem e assim por diante. É isso que queremos dizer, ao dizer que as necessidades humanas básicas são organizadas numa hierarquia de importância relativa.



Vamos agora olhar com mais pormenor para cada um dos níveis de necessidades:


NECESSIDADES FISIOLÓGICAS

Este conjunto de necessidades, são requisitos biológicos vitais para a sobrevivência dos indivíduos, sem elas o organismo perece. São as necessidades que asseguram o funcionamento e existência do corpo.

Para Maslow as necessidades fisiológicas são as mais importantes, pois todas as outras tornam-se secundárias, quando estas não estão satisfeitas.

Além de necessidades básicas de nutrição, ar e regulação da temperatura, este nível também inclui roupa e abrigo, bem como a reprodução sexuada, pois esta última é essencial à sobrevivência e propagação da espécie.


Acredito que este primeiro nível é de fácil entendimento para todos e, inclusivamente, para grande parte de nós que está a ler este artigo, não representará uma premência da motivação, por à partida estas necessidades estarem asseguradas. Por essa razão, quero acrescentar-lhe perspectiva.

No nosso mundo, milhares de seres humanos não têm estas necessidades satisfeitas, muitas pessoas continuam a não ter acesso a comida e água potável – logo ainda vivemos numa comunidade global, onde a auto-realização, para alguns, é uma ideia longínqua.

Acresce a isto, que mesmo aqueles de nós que não estão sujeitos a um ambiente de carência, podemos ficar ansiosos se estivermos sem comer por um período de tempo maior do que o habitual, uma fila para ir à casa de banho com 10 pessoas na frente, quando estamos aflitos, pode provocar um nível de stress que sequestra a capacidade de pensar, ou até mesmo, se na infância tivermos vivido um período de carência ou a comida tiver sido usada como punição, podemos manter uma parte de nós, infantil, que procura comida, mesmo quando o corpo não tem fome.


NECESSIDADES DE SEGURANÇA

Uma vez que as necessidades fisiológicas estão satisfeitas, a segurança torna-se mais relevante, abrindo um nível de maior complexidade. Enquanto indivíduos queremos experimentar ordem, previsibilidade, estabilidade e senso de controlo sobre as nossas vidas.

As necessidades de segurança podem ser atendidas pela família, pela comunidade ou pela sociedade no geral, falamos de coisas como polícia de segurança pública, escolas, assistência médica e entidades patronais.

Neste nível inclui-se ainda segurança emocional e financeira, a protecção da lei, ausência de medo, estabilidade social, propriedade, poupança, saúde e o bem-estar.

Segurança e protecção, tornam-se necessidades primárias.


Considere também aqui esta perspectiva, se na infância uma parte em si se sentiu física ou psicologicamente insegura, esta parte poderá continuar a procurar permanentemente sentir-se segura. Mesmo que agora já seja um adulto, tenha uma casa, um emprego, uma rotina e uma vida organizada, poderá existir uma parte em si que teme, a todo o momento, que algo mau irá acontecer.

É igualmente interessante considerar que, por exemplo, ao viver um período de transição, de casa, de trabalho, de país ou de relação, as necessidades de segurança podem aumentar.

Quando a nossa sobrevivência está ameaçada, sentimo-nos fora de controlo, o senso de segurança exige um certo grau de controlo e, é por isso natural, que procuremos controlar as coisas.

Uma infância instável, vivida com ausência de rotinas e previsibilidade, pode gerar um adulto com uma necessidade exagerada de controlar as coisas para se sentir seguro.


Estes dois primeiros níveis juntos são, habitualmente, designados por necessidades básicas.


NECESSIDADES DE AMOR E PERTENCIMENTO

Depois de vermos as nossas necessidades básicas satisfeitas, o terceiro nível de necessidades humanas é social e responde ao sentido de pertença. Pertencer representa a necessidade emocional dos indivíduos de afiliação, relacionamento interpessoal, fazer parte de um grupo, criar vínculo e conectar com outros seres.

Ter intimidade, sentir confiança em outra pessoa, receber e dar afecto e sentirmo-nos aceites, é fundamental para a existência gregária dos seres humanos.


Os indivíduos procurarão evitar a solidão e na ausência de relações pessoais, na impossibilidade de se sentir amado, de ser importante para alguém e de ser aceite por outros, este conjunto de carências pode ser fonte de ansiedade e depressão.

O pertencimento é uma necessidade psicológica predominante. Estabelecer vínculos, conectar com outras pessoas e sentir-se aprovado por elas, preenchem a necessidade de pertencer. Este ciclo inicia-se com a família e depois estende-se a grupos sociais, como amigos, clubes desportivos, grupos religiosos, etc.

Se nascemos numa família que nos acolheu e fez-nos sentir bem-vindos, incondicionalmente amados, onde pudemos crescer rodeados de adultos maduros que nos apoiaram, guiaram e defenderam, sentimentos de amor e pertencimento desenvolvem-se em nós. Já em adultos, continuando a ser gregários, a relação com outros não serve para preencher carências e vazios emocionais, logo diminui a possibilidade da dependência de outros. Quando, na infância, a necessidade pertencimento não foi satisfeita, poderemos tornar-nos adultos que buscam pertencer, motivados pelo medo de ficarmos sozinhos.


NECESSIDADES DE ESTIMA

Este é o quarto nível da hierarquia e aquele que responde às necessidades de apreciação e respeito, reconhecimento, valorização e dignidade. Uma vez que os três níveis anteriores se encontram satisfeitos, as necessidades de estima ganham uma nova proeminência na motivação.

Neste nível o indivíduo sente a necessidade de realizar coisas e ter os seus esforços reconhecidos, daí o respeito e a apreciação dos outros ganhar uma nova importância.

Maslow segmentou as necessidades de estima em duas categorias – a estima por si mesmo e o respeito dos outros. Significa isto, que além das necessidades de reconhecimento, valorização e respeito de outrem, os indivíduos procuram satisfazer o seu valor pessoal e auto-estima.

Uma auto-estima não atendida poderá desenvolver sentimentos de inferioridade, fraqueza e desamparo, mas ainda mais importante, é termos noção da importância de satisfazermos esta necessidade que tem que ver com o amor-próprio e o auto-valor, pois vivemos numa sociedade que nos habituou a procurarmos a aprovação dos outros em vez da auto-aceitação.

Uma infância que experimentou rejeição, poderá levar a um adulto que procura, permanentemente, a aprovação externa, excesso de auto-crítica e auto-julgamento, e necessidade de provar aos outros o “quanto se é bom”.


Juntos, os níveis de pertença e de estima, compõem a área das necessidades relacionais da hierarquia.


NECESSIDADES DE AUTO-REALIZAÇÃO

Chegámos então, ao quinto nível da hierarquia das necessidades, que se refere à realização do potencial de um indivíduo. Pessoas auto-realizadas são auto-conscientes, procuram o seu crescimento pessoal, interessam-se por manifestar o seu potencial individual e estão menos preocupadas com a opinião alheia.

“O que o Homem pode ser, ele deve ser”, são as palavras que Maslow usou para se referir à necessidade de atingirmos todo o nosso potencial enquanto seres humanos.

A auto-realização traduz-se no uso pleno e exploração dos nossos talentos, capacidades e potencialidades. É a busca por fazer fazer melhor do que já se faz, procurando ser o máximo que se pode ser.



Após esta descrição com maior detalhe, julgo que se percebe que podemos dividir os níveis de necessidades em duas categorias – necessidades por deficiência e necessidades de crescimento.

Frequentemente, considera-se os primeiros quatro níveis, como níveis de necessidade por deficiência ou déficit, ficando apenas o nível de auto-realização na categoria das necessidades de crescimento. Quer isto dizer, que nos primeiros quatro níveis os indivíduos motivar-se-ão pela diminuição do estado de privação, do mal-estar daí resultante e possíveis consequências negativas, e no último, pela vontade de melhoria. Ou seja, as necessidades de crescimento não decorrem da falta de algo, mas antes do desejo de crescer. A auto-realização resulta da satisfação do crescimento.

As necessidades básicas decorrem da carência, sentimento de falta e do medo de não ter ou ser suficiente. São necessidades que provocam um sentimento de separação e tendem a desencadear mecanismos de luta ou fuga. Uma vez estando a actividade do córtex pré-frontal sequestrada pelo controlo do sistema límbico, os indivíduos vivem dominados pelo medo e ao satisfazerem as suas necessidades mais básicas, poderão então relaxar.


Necessidades como comida, água, sexo, abrigo, amigos, família e reputação, são todas necessidades externas. Quer isto dizer, que não podemos encontrá-las dentro de nós mesmos, precisando de procurá-las no ambiente e/ou através de outras pessoas.

Exactamente como Maslow escreveu em Religions, Values and Peak-Experiences: “As necessidades humanas básicas só podem ser satisfeitas por e através de outros seres humanos, ou seja, a sociedade.”

Quando as necessidades humanas básicas são satisfeitas, dá-se uma volta de 180 graus e a atenção do indivíduo desloca-se do que está fora para o que está dentro de si.

Necessidade de se comparar com outros desaparecem e começa a gerar-se um senso do “próprio caminho”, cuja bússola interna, valores pessoais e ética passam a basear-se em valores de ser como a verdade, integridade, justiça, beleza, vivacidade, simplicidade, facilidade e auto-suficiência.

A mudança de atenção da satisfação das necessidades básicas, para as necessidades de crescimento, coincide com uma mudança na consciência do indivíduo.


Entre a década de 1940 e a década de 1980, Maslow continuou a explorar, desenvolver e refinar a sua teoria baseada no conceito de hierarquia.

À medida que foi evoluindo nos seus estudos, propões que apesar de existir uma relação hierárquica entre as diferentes necessidades, não se trata de uma hierarquia fixa e rígida, como poderá ter sugerido em descrições mais iniciais. Descrevendo que a ordem das necessidades poderá mudar, adaptar-se e ser flexível de acordo com as circunstâncias que estão a ser vividas e/ou diferenças individuais. Um exemplo identificado pelo próprio, é que para alguns indivíduos a necessidade de auto-estima é mais importante que a necessidade de amor, e para outros, a necessidade de realização criativa, pode substituir até mesmo necessidades básicas.

Ao responder às fontes da motivação individual, Maslow refere que a maioria dos comportamentos é motivada por um conjunto multifactorial, onde cada acção pode ser motivada por uma, várias ou todas as necessidades.


Posto isto, podemos então resumir que esta teoria aponta para que:

  • Os seres humanos motivam-se por uma complexidade de factores fisiológicos e psicológicos que se organizam numa hierarquia de necessidades;

  • A ordem hierárquica das necessidades representa um grau de importância, que se traduz na noção de que necessidades mais básicas carecem de ser atendidas antes das necessidades mais altas;

  • À medida de se progride na hierarquia, as necessidades vão passando de básicas a mais complexas, mais sociais e psicológicas;

  • A ordem estabelecida não é rígida, podendo flexibilizar-se e adaptar-se às características individuais dos indivíduos e às circunstâncias em que se encontram;

  • Raras são as vezes em que um comportamento é motivado apenas por um nível de necessidade, sendo a acção motivada por mais do que um ou por todos os níveis.



HIERARQUIA DAS NECESSIDADES EXPANDIDA

Como já tive oportunidade de mencionar anteriormente, Maslow desenvolveu a sua teoria ao longo de várias décadas e o modelo dos 5 estágios apresentado nas décadas de 1940 e 1950, evoluiu e foi expandido para incluir as necessidades cognitivas, estéticas e de transcendência.

Foi na década de 1970, que Maslow reorganizou a hierarquia para incluir mais três níveis, apresentando agora um total de 8 estágios. Os três acrescentados são:

  • Necessidades cognitivas – este nível concentra-se no conhecimento, representando a necessidade das pessoas quererem aprender e saber mais sobre o mundo e tudo o que nele acontece. Conhecimento, compreensão, curiosidade, exploração e significado são alguns dos motivos deste nível;

  • Necessidades estéticas – este nível refere-se à apreciação da beleza e da forma. São vontades de expressar-se criativamente, apreciando e/ou criando música, arte literatura. É o nível da consciência do belo, pelo equilíbrio da forma e pela expressão criativa;

  • Necessidades de transcendência – Maslow acrescentou por último a percepção de que os seres humanos são impelidos a olhar além do eu físico em busca de significados mais elevados.

Foi já no final da sua carreia que incluiu a auto-transcendência como o desejo de um indivíduo de promover uma causa além do eu e experimentar a comunhão além dos seus limites pessoais. Coisas como a busca da verdade, causas sociais, busca pela unidade e fortalecimento da relação com o divino.



“Um músico deve fazer música, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, se quiser ser finalmente feliz. O que um homem pode ser, ele deve ser. Essa necessidade podemos chamar de auto-realização.” – Abraham Maslow (1943)



~ por Joana Sobreiro




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